Arquivos: Caso ABC e “O Destino do Poseidon” 1973

“A maneira para amar qualquer coisa é perceber que podemos perdê-la.” G. K. Chestertonbarry_diller
Decidi abrir alguns casos arquivados do mundo do cinema, para rirmos, choramos e aprender com os erros e acertos de grandes homens das grandes mídias (TV, Cinema e Música – este último só se for relevante para o cinema ou para televisão)
Esse caso é bem interessante e demonstra como pessoas espertas às vezes não são tão sabias como aparentam ser.

O ano era 1973 e Barry Diller (suas decisões criaram sucessos de TV tais como: Os Simpsons e Taxi, e no cinema podemos destacar Esqueceram de Mim) era o então vice-presidente da programação de horário nobre da American Broadcasting Company (ABC), apelidado pela revista TIME de “magnata milagroso”, devido seu admirável sucesso como chefe da Paramount Pictures e da Fox Television Network. Ou seja, o cara era simplesmente “o cara”. Mas o que ele fez de errado ou certo para estar aqui hoje? Pois bem, como disse o ano era 1973 e neste ano foi a primeira vez que um filme havia sido oferecido às redes de televisão em um leilão aberto, o filme no caso seria “O Destino do Poseidon”(Poseidon Adventure) a primeira versão de 1972. As três grandes redes de televisão comercial nunca haviam sido forçadas a travar batalhas por um filme. A genial idéia inovadora de um leilão competitivo foi do excêntrico produtor do filme oferecido no leilão, Irwin Allen, e de um vice-presidente da 20th Century Fox, William Self.
O que garantiria o sucesso do leilão seria, obvio, o sucesso do filme e o quanto isso renderia para o canal de televisão que conseguisse comprar os direitos para exibi-lo, e Irwin e William não esperavam que seu filme fosse vendido acima do preço recorde da época que era da película Patton, 1970 (direitos vendidos por US$ 2 milhões – contudo essa marca seria impossível de alcançar já que o filme de Irwin não ser tão bom quanto Patton), contudo o destino não se comporta geralmente como deveria ser. Alguns comentários dos participantes do leilão nos fornecem indícios do que ocorreu em seguida. Primeiro, Barry Diller de uma declaração com o objetivo de estabelecer a política de sua rede no futuro. Como se estivesse falando com os seus dentes cerrados, ele disse: “A ABC decidiu que sua política para o futuro será a de nunca mais entrar em outro leilão.” Ainda mais instrutivas foram as observações do rival de Diller, Robert Wood, então presidente da CBS Television, que quase perdeu a cabeça e deu lance maior do que seus concorrentes da ABC e da NBC. O que ocorreu em seguida pode ser descrito pelo próprio Wood.
“Fomos muito racionais no inicio. Estabelecemos um preço para o filme em termos do que ele podia nos trazer, depois, adicionamos um cento valor para explorá-lo.
Então, começaram os lances. A ABC abriu com US$ 2 milhões. Eu ofereci US$ 2,4 milhões. A ABC chegou a US$ 2,8 milhões. E aquela febre tomou conta de nós. Como um sujeito que enlouqueceu, continuei a fazer lances. Finalmente, cheguei a US$ 3,2 milhões; e houve um momento em que disse a mim mesmo: “Minha nossa, se eu compra o filme, o que vou fazer com ele?” Quando a ABC finalmente me superou, minha principal sensação foi de alívio.
Foi muito instrutivo.”
Neste momento, segundo o reporte Bob MacKenzei, Wood sorriu
Outra citação deve ser incluída, Bill Stroke, vice-presidente da NBC declarou na época: “Não há como eles recuperarem esse dinheiro”. De fato a ABC calculou que teriam (e tiveram) um prejuízo de US$ 1 milhão na exibição do filme.
No fim o que aprendemos com o chamado “Grande Leilão de Poseidon”? Como diz Robet B. Cialdini, é bom ter muita cautela sempre que topamos com a construção demoníaca de escassez mais rivalidade. O fato é que o oferecimento de produtos, serviços e pessoas escassas fazem de nós sermos competitivos, pois, quando estamos perto de perder algo lutamos por ela, mesmo sabendo que não iremos usá-los. Assim é o ser humano.
No caso de Barry Diller ele teve um prejuízo de US$ 1 milhão. A parte boa é que a ABC teve dinheiro de caixa para superar essa perda, se fosse eu ou você será que também teríamos esse dinheiro de caixa para recuperar?
Fonte: Robert B Cialdini. O Poder da Persuasão. Elsevier, 2006
Abraços a todos.
Obrigado por ler.

GC & RL.minicartelera

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