Cinema Nacional

Filmes brasileiros não prestam, são chatos, sem conteúdo, só tem apelo sexual, só trata de dois temas sexo e humor.

Bem foi-se o tempo de que o cinema brasileiro possui-a esses sinônimos, tempo das pornochanchadas, ou da época do humor do grande Mazzaropi, ou mesmo do humor dos Trapalhões, ou dos infantis filmes da Xuxa
.

A história do cinema brasileiro começa por volta de 1900, quando pequenos cineastras produzem documentários, sobre o cotidiano. Um exemplo é o filme Os Estranguladores (1906), de Francisco Marzullo, que tratava-se de reconstituições de crimes explorados pela impressa, este filme por sinal, foi o primeiro sucesso nacional, com mais de 800 exibições no Rio. A primeira comédia de sucesso foi Nhô Anastácio chegou de viagem (1908), de Marc Ferrez.

Em 1909, surgem os primeiros filmes “cantados” (Como os filmes eram mudos, a exibição das películas eram dubladas por atores, que se escondiam atrás da tela). Nessa época destacam-se filmes como Paz e Amor (1910), uma sátira ao então presidente Nilo Peçanha, e O Guarany (1911).

As adaptações literárias também fizeram parte do inicio do cinema nacional, podemos destacar os filmes Inocência (1915), adaptado do romance de Taunay, O Guarani (1916), baseado na obra de José de Alencar. E o autor José de Alencar seria a expiração para o cineastra Luiz de Barros, que realizou mais de 60 longas-metragens até a década de 1970, sendo uma grande gama adaptações dos livros de Alencar, e por falar dele, a refilmagem de O Guarani em 1926, foi um dos primeiros filmes a ser tornar sucesso no Brasil.

Os cinejornais, também foram destaques por algum tempo no circuito nacional, tratava-se de produções encomendadas, que misturava jornalismo e propaganda, com assuntos que abordavam desde futebol, carnaval, até inaugurações, empresários e política (horário politico no cinema ninguém merece). O termo pejorativo adotado na época para esse tipo de exibição era “cavação”, ou picaretagem mesmo.

Um fato importante ocorreu com a Primeira Guerra Mundial, que enfraqueceu as produções cinematográficas europeias, e abaixou os ânimos das produções nacionais. Apenas os E.U.A não sentem a crise do cinema, pelo contrário, começam a surgir revistas especializadas em cinema, e começa a difundir-se mitos e estrelas de Hollywood. A partir de 1930, diversos acordos comerciais estabelecem que os filmes norte-americano passem a entrar no Brasil isentos de taxas alfandegárias. É o empurrão do cinema nacional no abismo, e o começo do preconceito aos produtos (de cinema) nacionais e a supervalorização dos americanos.

Mas somos brasileiros e não desistimos nunca, e no dia 18 de setembro de 1941, Moacir Fenelon, José Carlos Burle e Alinor Azevedo, criam a Atlântida Cinematográfica. Que com uma ajudinha de Luiz Severiano Ribeiro, dono do maior circuito exibidor de cinema do Brasil, associa-se a produtora e passa a facilitar a exibição dos filmes, vindo a comprar a empresa em 1947. O primeiro sucesso da Atlântida, foi um drama baseado na vida do comediante Grande Otelo, que chegou a interpretar a si próprio no filme de 1941, intitulado Moleque Tião). Mas os grandes sucessos da Atlântida foram mesmo as comédias. Seu primeiro trabalho nessa área foi Este mundo é um pandeiro (1947);

Nascia grandes nomes do cinema, como Oscarito e Grande Otelo (comediantes), Anselmo Duarte e José Lewgoy (galãs e vilões respectivamente), Sílvio Caldas, Emilinha Borba e Linda Batista (cantores). O público gosta do estilo denominado chanchada, com temas que giravam em torno das comédias, e em sua fase de ouro, satirizavam os grandes sucessos do cinema americano. Contudo a crítica não apoia as produções nacionais dizendo que chanchada não é cinema. A magia acaba em 1962 com o fim da empresa, com seus maiores ícones indo para a televisão e com a baixa popularia dos filmes entre o público, que cansou de ver o mesmo estilo de filmes (é no cinema é frase é “renovar sempre”);

O cinema nacional parou no tempo. Tivemos alguns sucessos, como O pagador de promessas (1962) de Anselmo Duarte, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e uma indicação ao Oscar (O primeiro filme nacional a ganhar um premio internacional e a ser indicado ao Oscar).

A pornochanchada (produção da Boca do Lixo) nasceu na década de 1970. Era uma mistura de chanchada com muito, muito, mas muito mesmo, erotismo, contudo de pornô não tinha nada, apenas algumas cenas de nudez explicita, mas nenhum de sexo (o que deixaria qualquer fã de cine-prive decepcionado). O sucesso durou até os anos 80, com a decadência dos filmes e a baixa qualidade das produções.

Depois desta época pouquíssimos filmes se destacaram, abrindo espaço para filmes voltados para a família como o caso dos Trapalhões, e filmes da Xuxa, que encantavam muitas crianças.

A coisa complica quando Fernando Collor, assume a presidência da República em 15 de março de 1990. Em seu governo, a Embrafilme, o Concine, a Fundação do Cinema Brasileiro, o Ministério da Cultura, as leis de incentivo à produção, a regulamentação do mercado e os órgãos encarregados de produzir estatísticas sobre o cinema no Brasil foram extintos. Ou seja só quem tinha muito dinheiro para conseguir se manter no mercado. Ou seja apenas as produtoras dos Trapalhões e da Xuxa.

Luz no final do túnel só mesmo em dezembro de 1992, com o governo de Itamar Franco, com a criação da Secretaria para Desenvolvimento do Audiovisual, que libera recursos para produção de filmes através do Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro.

A retomada do cinema nacional ocorre em 1995, com o filme Carlota Joaquina Princesa do Brasil, de Carla Camurati, parcialmente financiado pelo Prêmio Resgate.

É também de 1995 a estreia de O Quatrilho, que foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro;

Em 1997, é criada a Globo Filmes, empresa especializada a produzir filmes nacionais (digamos que pelo menos uns 95% dos filmes nacionais de hoje tem a marca Globo).

Os filmes nacionais tomam corpo e alma e assumem uma melhor distribuição, melhores roteiros, produções e conteúdo. A prova fica com Central do Brasil (1998), que concorreu a dois Oscar, o de melhor filme estrangeiro e melhor atriz (Fernanda Montenegro), não ganhou nenhum Oscar, mas levou 11 outros prêmios, incluindo 3 no festival de Berlim e 1 Globo de Ouro.

Nos últimos anos as produções nacionais ganharam ótimos filmes, como é o caso, de Cidade de Deus (2004) - com 4 indicações ao Oscar (Direção, Roteiro Adaptado, Fotografia e Edição) como de praxe não levou nenhum. E os recentes 2 filhos de Francisco (2005), Tropa de Elite (2007), Meu Nome Não é Johnny (2008), Divã (2009), Jean Charles (2009), A Mulher Invisível (2009) e Se eu fosse você 1 e 2 (2006 e 2009) . Cito esses por que são excelentes produções dignas de serem comparadas a produções internacionais e capazes de ganhar de muitos filmes de Hollywood.

As obras nacionais continuam a todo vapor, e se continuarem como estão serão concorrentes fortes com as produções estrangeiras. Valem conferir!

Curiosidades

1. 
   
   
   A primeira exibição de cinema no Brasil aconteceu em julho de 1896, no Rio de Janeiro (então capital nacional)
2. 
   
   
   A primeira sala de cinema foi o “Salão de Novidades Paris”, de Paschoal Segretto;
3. 
   
   
   Em 19 de junho de 1898, o cinegrafista italiano Alfonso Segreto, teria filmado ao desembarcar do navio Brèsil, o filme “Vista da baia de Guanabara”, sendo assim o primeiro filme realizado em solo nacional, contudo o filme nunca chegou a ser exibido, e sua existência é contestada, mesmo assim, 19 de junho é considerado o
   DIA DO CINEMA BRASILEIRO.
4. 
   
   
   Não há acervo dos primeiros filmes produzidos no Brasil, apenas documentações da época.
5. 
   
   
   O primeiro filme com som produzido em solo tupiniquim é Acabaram-se os otários (1929), de Luiz de Barros.
6. 
   
   
   Chanchada em espanhol significa porcaria
7. 
   
   
   A Atlântida produziu 66 filmes
8. 
   
   
   A pornochanchada foi produzida na época da Ditadura Militar, e teve inúmeros filmes retalhados pelo censores antes de serem exibidos. Contudo também foi a fórmula para fazer sucesso, já que a lei da época obrigava as salas de exibição a exibir uma cota de filmes nacionais por ano.
9. 
   
   
   Alguns nomes dos atores da pornochanchada:

• 
  
  
  Antônio Fagundes
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  Nádia Lippi
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  Regina Case
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  Reginaldo Faria
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  Sônia Braga
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  Vera Fischer

9. 
   
   
   Amacio Mazzaropi (09 de abril de 1912 – 13 de junho de 1981), foi um grande ator e cineasta brasileiro, foi umas dos poucos ícones do cinema nacional do século XX, realizou 33 filmes, deixando o 34º em produção (“Maria Tomba Homem”) quando faleceu.
10. 
    
    
    Carmem Miranda - pseudônimo de Maria do Carmo Miranda da Cunha (09 de fevereiro de 1909 – 05 de agosto de 1955), foi uma das maiores atrizes brasileiras. Contudo sua carreira cinematográfica se deu nos Estados Unidos. Dos 21 filmes que participou, apenas 8 foram feitos no Brasil. Detalhe importante, Carmem nasceu em Marco de Canaveses em Portugal e faleceu em Beverly Hills nos E.U.A.
11. 
    
    
    Os Trapalhões realizaram 23 filmes, entre 1978 e 1990. 7 filmes deles estão entre os 10 filmes nacionais mais vistos na história do cinema brasileiro.
12. 
    
    
    Xuxa (Maria da Graça Meneghel), participou e foi estrela de 18 filmes e encontra-se produzindo mais um. Algumas Filmografias da Rainha dos Baixinhos, omitem de sua lista o primeiro filme, informando erroneamente o filme Fuscão Preto (1983) como sendo o primeiro. A realidade é um pouco diferente, em 1979, Xuxa, foi uma das estrelas do filme Amor Estranho Amor.Na história o personagem Hugo de doze anos, vai mora em palacete, onde reside e trabalha Ana, uma prostituta e amante do governador de São Paulo. O garoto, convive nesse ambiente, onde conhece Tamara, uma garota de programa que leiloa sua falsa virgindade entre os frequentadores do lugar. Em uma das cenas mais polemicas do filme Tamara, seduz Hugo e o molesta sexualmente. Hugo foi interpretado por Marcelo Ribeiro que na época tinha 9 anos, hoje é ator pornô (influência da infância????) e Tamara era interpretada por Maria da Graça Meneghel – a Xuxa. O filme é algo raro de se encontrar, bem como a Playboy da apresentadora, agora ambos são negociados entre colecionadores.